quarta-feira, 28 de setembro de 2011

PMs presos por morte de juíza respondem juntos por 29 homicídios

 
PMs presos por morte de juíza respondem juntos por 29 homicídios

Oito policiais militares suspeitos de envolvimento na morte da juíza Patrícia Acioli, em agosto passado, são acusados de pelo menos 29 mortes, a maioria homicídios qualificados cometidos entre 2009 e 2010, segundo levantamento feito pelo R7 no site do Tribunal de Justiça do Rio.

A suspeita é que eles integravam um grupo de extermínio investigado pela juíza Patrícia e que atuava em comunidades forjando autos de resistência (mortes em confronto com a polícia). Os suspeitos integravam o GAT (Grupo de Ações Táticas) do Batalhão de São Gonçalo (7º BPM).

Apenas um deles é suspeito de ter cometido ao menos dez assassinatos, inclusive o de Diego dos Santos Beline, de 18 anos, morto durante uma incursão dos PMs do 7º BPM no morro do Salgueiro, em São Gonçalo, em junho de 2010. Os PMs registraram o caso na 72ªDP e afirmaram que a vítima teria "reagido e trocado tiros" com eles e que portava uma pistola. Entretanto, durante a apuração do crime, testemunhas ouvidas pela juíza disseram que o jovem não estava armado e morreu sem chances de defesa.

Apesar de serem réus em 29 processos de homicídios, todos continuavam atuando nas ruas até a morte da juíza. Hora antes de sofrer uma emboscada, Patrícia Acioli havia decretado a prisão dos oito militares pela morte de Diego.

Nesta terça-feira (27), o tenente-coronel Cláudio Oliveira, ex-comandante do 7º BPM, foi preso suspeito de ser o mandante da morte da juíza. A decisão incluu ainda outros seis PMs, que também tiveram a prisão decretada.

Oliveira atuou por quase um ano à frente da unidade e estava no comando do batalhão quando a magistrada foi morta com pelo menos 21 tiros, na frente da casa onde morava, em Piratininga, região oceânica de Niterói. Duas semanas após o crime, em uma troca de comandos de 23 batalhões da PM, o oficial foi designado para o Batalhão da Maré (22º BPM).

Um tenente e dois cabos já estavam presos desde o dia 12 por suspeita de participação na morte da juíza e no assassinato do jovem do Salgueiro. Foi a partir do depoimento de um deles - que relatou estar sendo ameaçado de morte - que o Ministério Público resolveu pedir a prisão de Oliveira. Ele alegou ser inocente ao chegar na Divisão de Homicídios para prestar depoimento nesta terça.

Também nesta terça foi decretada a prisão de dois dos oito PMs que integrariam o bando, desta vez pelo assassinato de uma mulher durante uma incursão em uma comunidade de São Gonçalo. A decisão também incluiu outros cinco militares que trabalham no mesmo batalhão.

Segundo a denúncia do MP, "eles entraram na favela para extorquir traficantes, mas, como não obtiveram sucesso, atiraram para todas as direções e causaram a morte da vítima". A decisão foi do juiz Fábio Uchoa, que substitui Patrícia Acioli na 4ª Vara Criminal de São Gonçalo e teve a segurança reforçada pelo Tribunal de Justiça.

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