Oito policiais militares suspeitos de envolvimento na morte da juíza Patrícia Acioli, em agosto passado, são acusados de pelo menos 29 mortes, a maioria homicídios qualificados cometidos entre 2009 e 2010, segundo levantamento feito pelo R7 no site do Tribunal de Justiça do Rio.
A suspeita é que eles integravam um grupo de extermínio investigado pela juíza Patrícia e que atuava em comunidades forjando autos de resistência (mortes em confronto com a polícia). Os suspeitos integravam o GAT (Grupo de Ações Táticas) do Batalhão de São Gonçalo (7º BPM).
Apenas um deles é suspeito de ter cometido ao menos dez assassinatos, inclusive o de Diego dos Santos Beline, de 18 anos, morto durante uma incursão dos PMs do 7º BPM no morro do Salgueiro, em São Gonçalo, em junho de 2010. Os PMs registraram o caso na 72ªDP e afirmaram que a vítima teria "reagido e trocado tiros" com eles e que portava uma pistola. Entretanto, durante a apuração do crime, testemunhas ouvidas pela juíza disseram que o jovem não estava armado e morreu sem chances de defesa.
Apesar de serem réus em 29 processos de homicídios, todos continuavam atuando nas ruas até a morte da juíza. Hora antes de sofrer uma emboscada, Patrícia Acioli havia decretado a prisão dos oito militares pela morte de Diego.
Nesta terça-feira (27), o tenente-coronel Cláudio Oliveira, ex-comandante do 7º BPM, foi preso suspeito de ser o mandante da morte da juíza. A decisão incluu ainda outros seis PMs, que também tiveram a prisão decretada.
Oliveira atuou por quase um ano à frente da unidade e estava no comando do batalhão quando a magistrada foi morta com pelo menos 21 tiros, na frente da casa onde morava, em Piratininga, região oceânica de Niterói. Duas semanas após o crime, em uma troca de comandos de 23 batalhões da PM, o oficial foi designado para o Batalhão da Maré (22º BPM).
Um tenente e dois cabos já estavam presos desde o dia 12 por suspeita de participação na morte da juíza e no assassinato do jovem do Salgueiro. Foi a partir do depoimento de um deles - que relatou estar sendo ameaçado de morte - que o Ministério Público resolveu pedir a prisão de Oliveira. Ele alegou ser inocente ao chegar na Divisão de Homicídios para prestar depoimento nesta terça.
Também nesta terça foi decretada a prisão de dois dos oito PMs que integrariam o bando, desta vez pelo assassinato de uma mulher durante uma incursão em uma comunidade de São Gonçalo. A decisão também incluiu outros cinco militares que trabalham no mesmo batalhão.
Segundo a denúncia do MP, "eles entraram na favela para extorquir traficantes, mas, como não obtiveram sucesso, atiraram para todas as direções e causaram a morte da vítima". A decisão foi do juiz Fábio Uchoa, que substitui Patrícia Acioli na 4ª Vara Criminal de São Gonçalo e teve a segurança reforçada pelo Tribunal de Justiça.
Nenhum comentário:
Postar um comentário