Foram apreendidos dezenas de joias, relógios, além de R$ 38.600, 9.550 euros e 7.100 dólares.
Objetivo é acabar com quadrilha que disputa patrimônio de falecido contraventor
Até o fim da manhã desta terça-feira (20), agentes Delegacia de Repressão às Ações do Crime Organizado e Inquéritos Especiais e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público, que participam da operação Tempestade no Deserto, cumpriram três dos oito mandados de prisão preventiva e realizaram mais duas prisões em flagrante em um total de cinco prisões.
A ação tem por objetivo o cumprimento de oito mandados de prisão e outros 11 de busca e apreensão para desarticular uma quadrilha suspeita de envolvimento em homicídios e outros crimes relacionados a uma disputa de poder pelo patrimônio do contraventor Waldomiro Paes Garcia, o Maninho.
Dos mandandos, dois foram cumpridos contra os policiais militares João André Ferreira Pinto e Marcelo Alves da Silva. O terceiro mandado foi cumprido contra o policial civil Carlos Daniel, que já encontráva-se preso ao ser flagrado na companhia de um traficante em fuga da favela da Rocinha durante a operação Choque de Paz.
Em flagrante foram presas a ex-mulher do contraventor Maninho identificada como Sabrina Arrouche Garcia e a mulher de um oficial da PM que ainda é procurado pelos agentes.
Foram apreendidos dezenas de joias, relógios de marcas famosas, além de R$ 38.600, 9.550 euros e 7.100 dólares americanos. A operação continuava em andamento às 12h45 desta terça-feira.
Investigações
O primeiro inquérito foi instaurado para investigar quatro tentativas de homicídio ocorridas em maio de 2008 em Cachoeira de Macacu, interior do Estado. Entre as vítimas, estava Rogério Mesquita e dois policiais civis do Estado do Rio de Janeiro. Eles tiveram seus veículos alvejados a tiros em uma emboscada cometida por um grupo fortemente armado, sendo Mesquita baleado na perna.
Segundo informações do inquérito, enquanto retornavam de uma festa de exposição agropecuária realizada no distrito de Papucaia, Mesquita e as demais vítimas se deslocavam em uma espécie de comboio de veículos em direção a sua propriedade rural, quando foram surpreendidos por um ataque a tiros originados de diversos pontos da estrada, indicando que tratava-se de uma emboscada cometida por inúmeros indivíduos associados com o objetivo de matar as vítimas.
Após o atentado, o veículo de Mesquita foi atingido 37 vezes em ambas as laterais, frente, traseira e teto. O segundo veículo da comitiva foi atingido cinco vezes pelos criminosos. Ainda assim, apenas Mesquita foi baleado. Ele levou dois tiros na pperna esquerda.
Rogério Mesquita foi identificado como um dos braços direitos do contraventor Waldomiro Paes Garcia, o Maninho, assassinado a tiros em 2004 enquanto deixava uma academia na zona oeste do Rio de Janeiro.
Iniciadas as investigações, segundo diretrizes traçadas pela própria vítima Rogério Mesquita, o qual esclareceu a motivação e as circunstâncias da tentativa de homicídio que sofrera, revelando em pormenores toda a disputa pelo espólio do contraventor Maninho, e consequentemente pelo controle da máfia do jogo do bicho e das máquinas caça-níqueis no Estado.
Sendo assim, os trabalhos policiais levaram não apenas à elucidação e à identificação dos autores do crime investigado, como revelou também os bastidores da guerra travada pelo controle da exploração da contravenção no Rio de Janeiro.
Armas, carcaças e ossadas humanas
No decorrer das investigações, a polícia apreendeu armamentos, entre eles um fuzil, modelo AK-47, calibre 7.62, que suspostamente foi utilizado pela quadrilha em outros assassinatos, farta quantidade de munições, tendo descoberto ainda carcaças de veículos e ossadas humanas enterradas na propriedade rural da família Paes Garcia.
Em meio às investigações no ano de 2009, Rogério Mesquita foi assassinado com três tiros na cabeça na esquina das ruas Maria Quitéria e Visconde de Pirajá, em Ipanema, zona sul.
Os oito suspeitos são apontados como o "núcleo duro" da quadrilha de assassinos mercenários em atuação nos anos de 2007 a 2009 e capitaneada pelo contraventor José Luiz de Barros Lopes, o Zé Personal, à época marido de uma das filhas do contraventor Maninho. Dos suspeitos, quatro são policiais militares, dois deles oficiais, e um é policial civil.
Neste sentido, a operação tem por finalidade "colocar um ponto final a um dos muitos capítulos da sangrenta guerra pela disputa do patrimônio do falecido contraventor Maninho", que entre outros mortos notórios deixou como vítimas Guaracy Paes Falcão, o Guará, então vice-presidente da escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro e sua mulher Simone, assassinados no ano de 2007, bem como do próprio investigado Zé Personal, executado a tiros em setembro, em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio.
De acordo com investigações, os suspeitos envolvidos nesta operação Tempestade no Deserto e que agiam a mando do contraventor Zé Personal são os mesmos apontados como suspeitos de seu próprio assassinato. Entre os presos pelo crime está o policial civil Carlos Daniel, que foi capturado em novembro, durante a operação Choque de Paz. Ele é suspeito de envolvimento da fuga de traficantes da comunidade da Rocinha, na zona sul do Rio.
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