sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Explosões 'terroristas' matam dezenas na Síria, diz TV estatal

A rede de televisão estatal da Síria afirmou nesta sexta-feira que duas explosões contra prédios das forças de segurança deixaram ao menos 25 mortos e 175 feridos na cidade de Aleppo, norte do país. A notícia é divulgada enquanto a ofensiva do Exército contra a oposição em Homs, na região central, chega ao sétimo dia.
Fortes imagens transmitidas pela emissora mostraram pelo menos cinco corpos e ruas cheias de destroços, além de prédios residenciais com os vidros quebrados. De acordo com um apresentador, a explosão aconteceu perto de um jardim onde crianças brincavam.
Equipes observam local de explosão em Aleppo, no norte da Síria
“Civis e militares foram mortos e feridos nestas explosões terroristas”, disse o apresentador, em tom de comoção. Ele acrescentou que o dia estava claro em Aleppo e muitas das vítimas eram crianças e familiares que tomavam café da manhã no jardim.
Os alvos das explosões teriam sido um complexo do Diretório Militar de Segurança e outro da polícia. As imagens da rede estatal, porém, não mostravam ambulâncias ou veículos de emergência. Equipamento podia ser visto limpando os destroços e o local não parecia ter sido isolado, já que moradores andavam pela região.
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, grupo de oposição com sede em Londres, confirmou que houve duas explosões em Aleppo, mas disse que o governo estava por trás do ataque. Ativistas acusam o regime do presidente Bashar Al-Assad de fabricar atentados para aumentar o temor da população em relação ao terrorismo.
O capitão Ammar al-Wawi do Exército Livre Sírio, grupo rebelde que busca derrubar o regime através da lita armada, neegou envolvimento no atentado. "Essas explosões são obra do regime para distrair a atenção dos crimes que tem cometido contra o povo de Homs", disse.
Em 6 de janeiro, um ataque suicida deixou 26 mortos em Damasco, segundo a TV estatal. Duas semanas antes, 44 mortes foram registradas em atentados a bomba contra complexos da agência de inteligência, também na capital. Nos dois casos houve trocas de acusações entre o governo e os rebeldes e ninguém assumiu responsabilidade por nenhum dos ataques.
A cidade de Aleppo, a maior da Síria, registrou poucos episódios violentos desde o início da revolta popular contra Assad, há 11 meses. Próximo à fronteira com a Turquia, o município é considerado um dos mais importantes para a economia síria.
Mohammed Abu-Nasr, um ativista de Aleppo, disse que as explosões ocorreram no mesmo dia que os manifestantes planejavam um grande protesto depois das orações de sexta-feira. Ele afirmou que centenas compareceram, apesar dos ataques em diferentes partes da cidade.
O Observatório Sírio dos Direitos Humanos e os Comitês de Coordenação Locais, grupos ativistas, afirmaram que as forças de segurança abriram fogo nesses locais, deixando ao menos sete mortos. Essa informação, no entanto, não pôde ser confirmada.
Até o momento, os opositores a Assad tiveram pouco sucesso em conseguir apoio em Aleppo, em parte porque os líderes das empresas há muito vem negociando sua liberdade política por conta de seu privilégio econômico.
A cidade com cerca de 2 milhões de habitantes também conta com uma considerável população de curdos, cuja maioria tem ficado à margem da revolta, uma vez que Assad começou a dar cidadania a eles - algo que sempre os foi negado.
A repressão contra os dissidentes tem deixado a Síria quase completamente isolada internacionalmente. Mas Assad tem sido apoiado politicamente pela Rússia e pela China, que vetaram no fim de semana uma resolução das Nações Unidas em apoio a um plano da Liga Árabe que pedia pela renúncia do presidente.
O vice-chanceler russo Sergei Ryabkov deu sinais nesta sexta que Moscou usará novamente seu poder de veto nas Nações Unidas para bloquear quaisquer resoluções que tenham como objetivo uma mudança de poder na Síria.
"Se nossos parceiros estrangeiros não entendem isso, nós teremos que usar meios fortes novamente, e mais uma vez chamá-los para a realidade", disse, segundo a agência ITAR. A posição de Moscou é motivada em parte por laços estratégicos de defesa, incluindo venda de armas, com a Síria. A Rússia também negou o que chama de ordem mundial dominada pelos EUA. No mês passado, a Rússia assinou um contrato de uS$ 550 milhões para vender jatos de combate para a Síria.
Também nesta sexta-feira, ativistas disseram que tanques do Exército invadiram um bairro residencial de Homs, alvo de uma brutal operação militar que deixou centenas de mortos.
De acordo com Rami Abdel Rahman, chefe do Observatório Sírio para os Diretos Humanos, o Exército invadiu o bairro de Inshaat durante a noite. O grupo ativista afirmou que as tropas iam de casa em casa para prender supostos opositores. Inshaat fica ao lado de Baba Amr, bairro de Homs mais afetado pela ofensiva.
"Eles estão punindo os residentes", disse Rahman, acrescentando que a cidade pode sofrer com uma escassez de alimentos.
A ofensiva em Homs, a terceira maior cidade da Síria, começou no sábado depois de registros não confirmados de que desertores do Exército e outros opositores armados de Assad estavam dominando postos de controle e algumas áreas.
Centenas foram mortos na última semana em Homs, vítimas de  in the past week in Homs from bombardeios e tiros em diversos bairros rebeldes na cidade.
As tropas entraram nos bairros com tanques e armamentos pesados durante a madrugada e a manhã de sexta-feira, informou Majd Amer, um ativista em Khaldiyeh, um dos distritos que tem sofrido com a campanha de ataques.
Mohammed Saleh, um ativista, disse que o regime deve estar tentando sufocar as áreas rebeldes em Homs e de Idlib, no noroeste, antes de 17 de fevereiro, quando o partido de Assad, o Baath, fará sua primeira conferência desde 2005.
É esperado que essa reunião promova as reformas prometidas por Assad no intuito de acalmar a revolta. Durante a conferência, os líderes do Baath devem pedir por um diálogo nacional e anunciar que vão abrir um caminho para uma maior participação política de outros partidos.
A oposição rejeita essas promessas e disse que não aceitará nada, a não ser a saída de Assad do governo.
O número de vítimas no conflito entre o governo e manifestantes varia de acordo com diferentes contagens. Grupos de direitos humanos dizem que 7 mil foram mortos por tropas do governo desde março. O governo afirma que 2 mil integrantes das suas forças de segurança foram assassinados por ativistas.
A ONU interrompeu a contagem de mortos que fazia, afirmando que é impossível averiguar dados com independência. O último dado divulgado pelas Nações Unidas, no mês passado, é de que 5,4 mil teriam morrido.

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