segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Conselho de Enfermagem critica falta de investimentos em hospitais do Rio


Rio - Os recentes casos de mau atendimento na rede estadual de saúde do Rio de Janeiro refletem apenas parte do caos vivido diariamente pelas equipes médicas, segundo o presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Rio (Coren), Pedro de Jesus. Ele atribui a queda na qualidade dos serviços públicos de saúde no estado à falta de investimentos em recursos humanos e na estrutura física dos hospitais.

Uma das situações mais críticas é a do Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, na Baixada Fluminense. De acordo com parentes, Calistrato Martins, 87 anos, morreu neste domingo dentro de um carro em frente ao hospital, enquanto esperava para ser levado para a unidade de emergência. No mesmo hospital, na última sexta-feira, Rosa Maria Celestino de Assis, 60 anos, internada com infecção pulmonar, foi colocada na câmara frigorífica do necrotério, embora estivesse viva.
Idoso morreu dentro do carro, no estacionamento de hospital | Foto: Felipe O'Neill / Agência O Dia
"Tudo isso é lamentável, principalmente porque essa situação não é restrita a uma unidade. A saúde pública vive um caos e é preciso um choque de gestão urgente”, disse Jesus. “Quando realizamos fiscalização nas unidades, é comum verificarmos que em locais em qye deveria haver 50 técnicos de enfermagem e 15 enfermeiros, temos apenas um enfermeiro e, no máximo, seis técnicos. Dessa forma, é humanamente impossível atender em uma emergência.”

Para o presidente do Sindicato dos Médicos do estado, Jorge Darze, a crise na saúde estadual não é novidade. Ele também atribui os problemas principalmente, aos baixos investimentos nos profissionais e à falta de reformas e adequações nas unidades. "O que vemos são unidades degradadas, sem investimento e sem incorporação de tecnologia nova. Isso prejudica o atendimento.”
Pacientes se amontoam no corredor
No domingo, equipe de O DIA flagrou um cenário de caos na Emergência do Hospital Adão Pereira Nunes. Pacientes em macas aglomeravam-se ao longo do corredor da unidade. Fora da Emergência, familiares reclamavam de atrasos no horário da visita e de falta de informação sobre o estado de saúde de seus parentes internados.
Na última quarta-feira, o secretário estadual de Saúde, Sérgio Côrtes, exonerou o então chefe de equipe de plantão do Hospital de Saracuruna, o médico Jocelyn Santos de Oliveira.
A medida ocorreu após peregrinação de Gabriel de Sales, 21, por 6 hospitais, entre eles o de Saracuruna, que recusaram atendimento depois de ele cair de laje. Só foi atendido no Hospital Municipal Salgado Filho.
"Não têm justificativas para o que aconteceu", diz Cabral
O governador Sérgio Cabral falou, nesta segunda-feira, sobre os incidentes do fim de semana no Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, Duque de Caxias. Cabral lembrou que uma ouvidoria da Secretaria de Saúde está funcionando dentro do hospital e lamentou os problemas enfrentados, como a morte de um idoso no estacionamento da emergência neste domingo e o caso da senhora que foi dada como morta, apesar de manter os sinais vitais.
"Não têm justificativas para o que aconteceu. São falhas graves, que vão ser apuradas. O próprio médico que assinou o atestado de óbito pediu demissão. Mas é preciso lembrar que há 4 anos e 9 meses não havia nada e agora grandes cirurgias são realizadas neste hospital", afirmou Cabral.

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